terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ele é perverso, puxou ao pai!



Quantos de nós já falamos ou ouvimos outros falarem as seguintes frases:

"Ele é perverso, puxou ao pai..."


"Fulano é tão habilidoso, puxou ao avô..."


"Ela é tão meiga, puxou a mãe..."


Eu também achava que isso era possível. Afinal, herdamos o nariz, os cabelos, a cor da pele, dos nossos pais, por que não o nosso jeito de ser?

Ainda bem que não é assim!

O que seria das crianças filhos de pais pedófilos?

Que futuro teriam os nascidos de pais assassinos?

Já pensou como seria querer ser alguém na vida, constituir uma família e ter que levar consigo o rótulo de filho de um estuprador como se isso o fizesse ser um também?

Se essa herança fosse possível, como entender as famílias boníssimas gerarem uma "ovelha negra" em seu lar? Não deveria ele ter herdado a bondade dos pais?

Como entender os jovens comprometidos com o auxílio ao próximo conviverem em lares (se é que pode se chamar de lar), onde seus pais são disseminadores da maldade, dos vícios e toda a sorte de prazeres escusos?

A educação moral é imprescindível para a formação do caráter, apesar dos casos em que o exemplo no lar não é seguido pelos filhos, os pais são responsáveis por transmitir aos seus tais valores.

E quando damos, o amor, a educação, o exemplo e, apesar de tudo, falhamos na formação do caráter de nossos filhos?

Existem várias situações em que o espírito perverso, apesar de ter nascido em um lar de pais comprometidos com o seu progresso, se recusam a progredir (veja a pergunta nº  209), mas uma coisa é certa, os pais nunca devem desistir!

Não é fácil dizer isso a alguém que vê seu filho perdido no mundo da maldade e dos vícios, porém se nada puder ser feito de prático, podemos ainda rezar por ele, rezar muito...

Para uma mãe ou para um pai, nada é impossível quando se trata de um filho. Por isso é importante começar desde cedo a norteá-los dentro da moral e do amor ao próximo, quanto antes este espírito experimentar doses de aprendizado, carinho e prece, mais cedo pode despertar para a necessidade de progredir.

O Livro dos Espíritos (Allan Kardec) responde muito bem à estas dúvidas.
Selecionei umas perguntas e respostas abaixo.

Fiquem com Deus.




SEMELHANÇAS FÍSICAS E MORAIS

207 Os pais transmitem muitas vezes a seus filhos a semelhança física. Eles também lhes transmitem alguma semelhança moral?

– Não, uma vez que têm almas ou Espíritos diferentes. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes das raças há apenas consangüinidade.

207 a De onde vêm as semelhanças morais que existem algumas vezes entre os pais e filhos?

– São Espíritos simpáticos atraídos pela semelhança de suas tendências.

208 O Espírito dos pais tem influência sobre o do filho após o nascimento?

– Há uma influência muito grande. Como já dissemos, os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm como missão desenvolver o de seus filhos pela educação. É para eles uma tarefa: se falharem, serão culpados.

209 Por que pais bons e virtuosos geram, às vezes, filhos de natureza perversa? Melhor dizendo, por que as boas qualidades dos pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom Espírito para animar seu filho?

– Um Espírito mau pode pedir pais bons, na esperança de que seus conselhos o orientem a um caminho melhor e, muitas vezes, Deus lhe concede isso.

210 Os pais podem, por seus pensamentos e preces, atrair para o corpo de um filho um Espírito bom em preferência a um Espírito inferior?

– Não, mas podem melhorar o Espírito do filho que geraram e que lhes foi confiado: é seu dever. Filhos maus são uma provação para os pais.

211 De onde vem a semelhança de caráter que muitas vezes existe entre dois irmãos, especialmente entre gêmeos?

– Espíritos simpáticos que se aproximam por semelhança de sentimento se que se sentem felizes por estar juntos.

212 Nas crianças cujos corpos nascem ligados e que possuem certos órgãos em comum há dois Espíritos, ou melhor, duas almas?

– Sim, há duas, são dois os corpos. Entretanto, a semelhança entre eles é tanta que se afigura aos vossos olhos como se fossem uma só.

213 Visto que os Espíritos encarnam como gêmeos por simpatia, de onde vem a aversão que se vê algumas vezes entre eles?

– Não é uma regra que os gêmeos sejam Espíritos simpáticos. Espíritos maus podem querer lutar juntos no teatro da vida.

214 O que pensar das histórias de crianças gêmeas que brigam no ventre da mãe?

– Lendas! Para dar idéia de que seu ódio era muito antigo, fizeram-no presente antes de seu nascimento. Geralmente vós não levais em conta as figuras poéticas.

215 De onde vem o caráter distintivo que se nota em cada povo?

– Os Espíritos também se agrupam em famílias formadas pela semelhança de suas tendências mais ou menos depuradas, de acordo com sua elevação. Pois bem! Um povo é uma grande família na qual se reúnem Espíritos simpáticos. A tendência que têm os membros dessas grandes famílias os leva a se unirem, daí se origina a semelhança que existe no caráter distintivo de cada povo. Acreditais que Espíritos bons e caridosos procurarão um povo duro e grosseiro? Não, os Espíritos simpatizam com as coletividades, assim como simpatizam com os indivíduos; aí estão em seu meio.

216 O homem conserva, em suas novas existências, traços do caráter moral de existências anteriores?

– Sim, isso pode ocorrer; mas ao se melhorar, ele muda. Sua posição social pode também não ser mais a mesma. Se de senhor torna-se escravo, seus gostos serão completamente diferentes e teríeis dificuldade em reconhecê-lo. Sendo o Espírito sempre o mesmo nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter uma ou outra semelhança, modificadas, entretanto, pelos hábitos de sua nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha mudar completamente seu caráter; por isso, de orgulhoso e mau, pode tornar-se humilde e bondoso, desde que se tenha arrependido.

217 O homem, pelo Espírito, conserva traços físicos das existências anteriores em suas diferentes encarnações?

– O corpo que foi anteriormente destruído não tem nenhuma relação com o novo. Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. Certamente, o corpo é apenas matéria, mas apesar disso é modelado de acordo com a capacidade do Espírito que lhe imprime um certo caráter, principalmente ao rosto, e é verdade quando se diz que os olhos são o espelho da alma, ou seja, é o rosto que mais particularmente reflete a alma. É assim que uma pessoa sem grande beleza tem, entretanto, algo que agrada quando é animada por um Espírito bom, sábio, humanitário, enquanto existem rostos muito belos que nada fazem sentir, podendo até inspirar repulsa. Poderíeis pensar que apenas os corpos muito belos servem de envoltório aos Espíritos mais perfeitos; entretanto, encontrais todos os dias homens de bem sem nenhuma beleza exterior. Sem haver uma semelhança pronunciada, a similitude dos gostos e das inclinações pode dar o que se chama de um ‘ar de família’.

☼ Tendo em vista que o corpo que reveste a alma na nova encarnação não tem necessariamente nenhuma relação com o da encarnação anterior, uma vez que em relação a ele pode ter uma procedência completamente diferente, seria absurdo admitir que numa sucessão de existências ocorressem semelhanças que não passam de casuais. Entretanto, as qualidades do Espírito modificam freqüentemente os órgãos que servem às suas manifestações e imprimem ao semblante, e até mesmo ao conjunto das maneiras, um cunho especial. É assim que, sob o envoltório mais humilde, pode-se encontrar a expressão da grandeza e da dignidade, enquanto sob a figura do grande senhor pode-se ver algumas vezes a expressão da baixeza e da desonra. Algumas pessoas, saídas da mais ínfima posição, adquirem, sem esforços, os hábitos e as maneiras da alta sociedade. Parece que elas reencontram seu ambiente, enquanto outras, apesar de seu nascimento e educação, estão nesse mesmo ambiente sempre deslocadas. Como explicar esse fato senão como um reflexo do que o Espírito foi antes?


O Livro dos Espíritos de Allan Kardec - Parte Segunda - Mundo Espírita ou dos Espíritos - Capítulo 4 - Pluralidade das Existências - Semelhanças Físicas e Morais.